DOUTORAMENTO HONORIS CAUSA DE LÍDIA JORGE por ANA CRISTINA CORREIA GIL

Aula Magna da Universidade dos Açores

Cabe-me a honrosa missão de fazer o discurso de apadrinhamento – neste caso “amadrinhamento” – da atribuição do título de Doutora Honoris Causa à Professora Doutora Lídia Guerreiro Jorge pela Universidade dos Açores. É, de facto, para mim uma honra – e uma imensa responsabilidade – proferir a homenagem a uma personalidade que tanto admiro (e nesta admiração sou acompanhada por muitos) e cujo percurso sigo desde que me lembro de ser capaz de ler literatura de excelência.

A atribuição do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade dos Açores – e cito do preâmbulo do regulamento que institucionaliza este ato –  “visa homenagear personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, que pelo seu percurso de vida se hajam distinguido na atividade académica, científica, política, cultural, cívica ou profissional, tendo contribuído para o prestígio e engrandecimento da Universidade, do País e/ou da Humanidade.”

Ora, a nossa homenageada dispensaria apresentações e quaisquer justificações deste ato, já que o seu percurso e a sua obra são sobejamente conhecidos e reconhecidos em Portugal e no estrangeiro.

Ainda assim, mesmo o que é óbvio deve ser dito, para que façamos jus ao talento e à distinção daqueles que marcam profundamente o pensamento humano, fazem avançar a Humanidade e deixam um legado para as gerações futuras.

Desde sempre com uma vida dedicada às Letras e às Humanidades, Lídia Jorge – algarvia de Boliqueime – formou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa de Lisboa. Em 1970, foi para África – esteve em Angola e Moçambique – onde começou a experiência de lecionação. Regressada a Lisboa, deu aulas em várias escolas, fez muito trabalho de formação com professores e foi professora convidada na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 

A sua atividade literária tem-se desenvolvido a par de um envolvimento cívico ativo com o seu tempo e a sua circunstância. Entre 1990 e 1994, desempenhou funções na Alta Autoridade para a Comunicação Social, agora denominada Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e integrou o Conselho Geral da Universidade do Algarve.

É atualmente membro do Conselho de Estado, nomeada pelo atual presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em substituição de Eduardo Lourenço, aquando do falecimento deste último.

A sua é, portanto, uma vida marcada por vários espaços, por várias culturas, por vários tipos de atividade, e este aspeto reflete-se na própria obra.

A sua obra é vasta e marcada pela complexidade, por uma versatilidade notável e por um sentido de humor inteligente. Sendo uma autora que assume a narrativa como central na vida, é natural que esta – a narrativa – ocupe um lugar fundamental na sua obra. Publicou até hoje 13 romances e 7 volumes de contos, sendo que até o seu único volume de poesia – intitulado O Livro das Tréguas (2019) – é também marcado pela narratividade. Aliás, poesia e narrativa acabam por se encontrar, pois toda a sua obra – mesmo a narrativa, a dramática e a ensaística – é reveladora de grande poeticidade, essa capacidade única de criar usando a palavra de modo original e irrepetível. 

Embora tivéssemos vontade de o fazer, seria impossível detalhar aqui todas as obras da nossa nova doutora. Os seus caminhos levaram-na para os temas da condição feminina (tema recorrente na sua obra), da identidade nacional, do império português e da Guerra Colonial, da Revolução de Abril, da descolonização, da integração dos regressados das colónias na sociedade portuguesa, dos efeitos da cultura digital, do poder da cultura mediática, da crise económica, da crise dos refugiados, e do envelhecimento.

A sua estreia literária acontece em 1980, com o romance O dia dos prodígios. Obra marcante, de afirmação de uma voz plenamente original, logo aclamada pela crítica e pelo público e reconhecida com o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa. Eduardo Lourenço chama-lhe o “livro-chave do novo olhar romanesco post-Abril” (in Colóquio/Letras, 78, 1984), apontando-a desde logo como uma revelação e uma voz renovadora da literatura portuguesa. Nesta primeira narrativa, O dia dos prodígios, eivada de realismo mágico (que se vai prolongar pelo segundo romance, O cais das merendas), surgem já alguns dos temas que vão acompanhar Lídia Jorge ao longo do seu percurso: a vida do nosso país, o rasto da Revolução de Abril, o Portugal arcaico, rural, genuíno, afastado das lides urbanas; mas também a presença e a voz da mulher na sociedade, esse ser invisível desde tempos imemoriais. No fundo, em O dia dos prodígios, ressumam já as perguntas que urge continuar a fazer: quem somos? Como integramos a nossa memória coletiva? Para onde vai o nosso país? 

Do Portugal profundo, mas já em vias de sofrer a ação do turismo, fala a sua segunda obra, O cais das Merendas, de 1982, que, situada também no seu Algarve natal (assim como a primeira obra, O dia dos prodígios), retrata um país em vias de transformação, aculturado: a tradicional merenda é transformada em “party”, e o Alguerge torna-se um hotel sofisticado, povoado de turistas internacionais, que contrastam com a rudeza, a ignorância e o carácter genuíno do povo da aldeia.

A partir da terceira obra, Notícia da cidade silvestre (1984), Lídia Jorge inflete para os ambientes urbanos, neste caso Lisboa, onde duas mulheres emancipadas buscam o rumo das suas vidas. Neste romance, continua a retratar o Portugal em mudança, saído da Revolução de Abril, mas ainda com as marcas do salazarismo e de um colonialismo serôdio por resolver, como vemos em A costa dos murmúrios, O vento assobiando nas gruas e A noite das mulheres cantoras

A costa dos murmúrios (1988) centra-se no Portugal colonial dos anos 60, em Moçambique, e dá relevo à vivência dos combatentes e respetivas famílias nesse território africano, bem como à transformação do Portugal imperial numa nação em que a voz feminina ganha espaço de afirmação.

Em O vento assobiando nas gruas (2002) a partir de uma morte misteriosa, da história de uma família de industriais e de um caso amoroso entre uma portuguesa e um cabo-verdiano, avultam as transformações sociais do Portugal pós-Revolução, o país dos negócios obscuros e do racismo, contextos que também encontramos em A noite das mulheres cantoras (2011), narrativa que, para além de mostrar o Portugal pós-colonial, constitui também um retrato desapiedado da “civilização do espetáculo” (nas palavras de Mario Vargas Llosa), do mundo mediático, sempre ávido da emoção fácil que seduz e manipula as audiências. 

Da memória da Revolução de Abril trata também o romance Os memoráveis (2014), numa narrativa polifónica contra o esquecimento, em que a memória dos dias revolucionários é filtrada pelas várias subjetividades dos testemunhos registados pela equipa da jornalista protagonista da narrativa, na certeza de que – e cito da página 15 do romance – “a partir de certa idade todo o homem que se preze tem uma ilíada para contar”.

Com A última dona (1992), Lídia Jorge surpreende os seus leitores com uma história mais psicológica, cheia de mistério, que explora uma paixão extraconjugal, paixão esta que acaba por se revelar uma autognose, uma revisão de vida do protagonista através das suas várias memórias. Também Combateremos a sombra (2007) nos transporta para as pulsões mais íntimas do ser humano, através da densidade psicológica do protagonista – um psicanalista – e dos seus pacientes.

Da geração pós-25 de Abril se povoa O jardim sem limites (1995), em que, num registo narrativo metaliterário, a narradora-testemunha desfia as aventuras de um grupo de jovens dos finais dos anos 80 que procura viver sem regras nem limitações, liberto das suas famílias importantes e influentes, ao mesmo tempo que contracena com resquícios das memórias do Salazarismo. 

O vale da paixão (1998), centrado numa família proprietária rural, regressa à memória dos anos 40, 50 e 60 do século XX português, marcado pela emigração, pelo analfabetismo, pela ignorância e pela força do patriarcado que subjuga a mulher e lhe coarta a sua capacidade de decidir sobre a sua própria vida.

Os seus dois últimos romances – Estuário e Misericórdia – têm em comum a reflexão sobre a fragilidade da condição humana na sociedade contemporânea. Estuário (2018) põe-nos perante um paradoxo ético: como podemos viver as nossas vidas confortáveis quando milhões de pessoas tentam sobreviver no limiar do aceitável? Centrado na crise dos refugiados, este romance contribui, assim, para uma reflexão sobre os valores éticos e cívicos que não podemos ignorar.

Misericórdia (2022), o seu último romance, várias vezes premiado, é a sua obra mais marcada pelo lirismo, pelo amor filial e pelo sentimento de fragilidade que envolve o processo de envelhecimento.

Para além do romance, o seu género por excelência, Lídia Jorge tem cultivado também o conto, esse género narrativo breve, concentrado e surpreendente, de que publicou 7 volumes: A Instrumentalina e O Conto do Nadador (ambos de 1992), Marido e outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004), Praça de Londres. Cinco contos situados (2008), O Organista (2014) e O Amor em Lobito Bay  (2016).

O género dramático também a convocou, tendo publicado A Maçon (1997) e Instruções para Voar (2016).

O público infantil também mereceu a sua atenção, com os volumes O Grande Voo do Pardal (2007), O Romance do Grande Gatão (2010) e O Conto da Isabelinha – Lilibeth’s Tale (2018).

Num outro registo, o volume Em todos os sentidos (2020) reúne os textos com que colaborou para a Antena 2, crónicas que constituem – e cito – “tiras de palavras miúdas que não d[ão] fortuna a ninguém, mas esclarec[em] a desordem do mundo”, e cito tomando de empréstimo as palavras de Ana Maria Machado, a protagonista do romance Os memoráveis (p. 49).

A cosmovisão da obra de Lídia Jorge vai muito além das fronteiras portuguesas. É marcada pela universalidade, tocando no mais insondável do ser humano e confrontando-nos com dores, medos, fracassos, contradições, sacrifícios, e, ao mesmo tempo, com alegrias, conquistas, desejos e amor. Como ela própria refere, o romance é “aquilo que mais se aproxima do que é a essência humana traduzida em arte” (entrevista a Carlos Reis, in Carlos Reis, Diálogos com Lídia Jorge, Alfragide, D. Quixote, 2025, p. 167).

Lídia Jorge junta nas suas obras duas componentes que as tornam literatura de excelência – a criação de mundos imaginados e a “aventura da linguagem”, ou seja, por um lado, pela imaginação e criatividade, transporta-nos para cosmovisões imaginadas que problematizam o nosso mundo. Por outro lado, a “aventura da linguagem” da sua escrita são os seus modos inusitados e originais de narrar, de construir a narrativa, a experimentação de diferentes estratégias discursivas, e ainda a originalidade na combinação de palavras e frases, de constantemente reinventar a língua que usamos todos os dias.

O reconhecimento de Lídia Jorge é internacional. A sua obra tem merecido ao longo dos anos o aplauso da crítica e tem sido matéria de muitos estudos académicos, nomeadamente de dezenas de artigos científicos, teses de doutoramento, dissertações de mestrado, entre muitos outros. De grande relevo são também as três cátedras dedicadas à nossa homenageada: as Cátedras Lídia Jorge na Universidade de Genebra (Suíça), na Universidade de Massachussetts Amherst (EUA) e na Universidade Federal de Góias (Brasil).

A todo este reconhecimento se juntam os dois doutoramentos honoris causa com que a Universidade do Algarve (em 2010) e a Universidade de Aveiro (em 2024) a agraciaram.

Bem representativas do interesse que as obras de Lídia Jorge despertam por todo o mundo é a quantidade e variedade de línguas para as quais elas estão traduzidas: inglês, alemão, castelhano, galego, búlgaro, esloveno, grego, francês, italiano, hebraico, húngaro, holandês, romeno, sueco, entre outras línguas. Para além disso, algumas das seus obras foram adaptadas ao cinema, ao teatro e à televisão.

A lista dos prémios com que foi agraciada é igualmente longa e muito diversa. São cerca de 30 prémios, de instituições nacionais e estrangeiras, de entre os quais destaco o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) por duas vezes, em 2002 e em 2022, o Prémio Jean Monnet de Literatura Europeia (Escritor Europeu do Ano) em 2000, e em 2023 o Prémio Médicis Étranger (França).

Em 2005, Lídia Jorge foi agraciada pelo Estado português com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, e nesse mesmo ano, França reconheceu-a como Dama da Ordem das Artes e das Letras. Já este ano (2025), em março, recebeu a Insígnia de Comendador das Artes e das Letras do Ministério da Cultura francês.

Em 2013, a revista Magazine Littéraire incluiu-a numa lista das “dez grandes vozes da literatura estrangeira”.

Lídia Jorge não é só uma grande escritora. É uma grande pensadora. Toda a sua obra tem sido uma longa reflexão sobre o que é ser humano, sobre o que é ser humano hoje, e também sobre Portugal, sobre a nossa identidade enquanto povo, com passado mas também com presente e futuro, tema, aliás, do seu volume Contrato sentimental (2009), um conjunto de ensaios em que avultam temas como a identidade, a mobilidade, a imprensa, a língua, os mitos, entre outros temas de grande relevo para o nosso autoconhecimento enquanto nação. 

Foi, aliás, a identidade portuguesa o âmago da sua reflexão no discurso do passado dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, celebrado este ano em Lagos, no Algarve, sua região natal. Lídia Jorge proferiu na ocasião um discurso exemplar e corajoso no modo como olhou para o passado, o trouxe para o presente e alertou para o futuro – e a importância desta intervenção ficou bem evidente na celeuma que levantou na sociedade. Nessa intervenção, Lídia Jorge fez um diagnóstico da contemporaneidade, de um tempo em que (e cito) “os cidadãos são apenas público, que assiste a espetáculos em ecrãs de bolso. Por alguma razão, os cidadãos hoje regrediram à subtil designação de seguidores” – fim de citação. Daí a importância da luta por causas – e volto a citar este discurso, em que afirma “a certeza de que partilho da sua ideia [de Camões], de que um ser humano é um ser de resistência e de combate. É só preciso determinar a causa certa” – fim de citação. Esta foi uma lição de cidadania plena e livre, de uma voz lúcida, com coragem de dizer o que outros calam. Um exemplo para todas as gerações.

É assim que a serenidade, a doçura e a ternura que ressumam da presença de Lídia Jorge têm o contraponto na sua afirmação contundente pelas pessoas, pelas mulheres em particular, por todos os seres humanos – em defesa dos Direitos Humanos. Daí a atenção que dá às personagens do povo, como refere a autora num depoimento publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian: “eu escrevo a partir do chão, escrevo a partir das pessoas, e sobretudo das que se sentam no chão” (https://gulbenkian.pt/read-watch-listen/lidia-jorge/ ).

É também de interculturalidade que trata a sua obra, do diálogo necessário entre culturas, que se vê hoje substituído por monólogos surdos à fraternidade humana. Diálogo e cultura andam de mãos dadas, como dizia Lídia Jorge em 1988, numa entrevista ao Jornal de Letras: “Dialogar não é uma natureza, é uma construção da cultura. […] No diálogo está o caminho. Não há outro. Infelizmente, agora que se aprendeu mais ou menos a dialogar, falta o tempo” (in Carlos Reis, Diálogos com Lídia Jorge, Alfragide, D. Quixote, 2025, p. 12 – citado de JL de 15 de fevereiro de 1988, p. 6). A autora falava em 1988, uns anos após a Revolução de Abril. E hoje, teremos nós ainda tempo e vontade de dialogar?

E concluo:

A vida e a obra de Lídia Jorge são de um Humanismo exemplar, que revisita e pensa a identidade e a História portuguesas, sobretudo dos séculos XX e XXI, num exercício de memória e reinvenção inigualáveis: quem fomos, quem somos e para onde queremos ir. Sem contemplações, através da literatura, como diz a sua frase que está gravada no chão, diante da Biblioteca Municipal de Penafiel: “Não há livro de instruções para salvar a vida. Só a Literatura se aproxima desse imenso livro.”

A sua obra é marcada pela universalidade da sua mensagem, com uma dimensão ética fundamental: o perscrutar da obscuridade, do “desconcerto do mundo” (vol. Carlos Reis, p. 193), a par da crença num mundo melhor, mais justo, mais democrático, mais solidário, mais harmonioso, mais fraterno. Enfim, valores humanistas nos quais a Universidade dos Açores certamente se revê.

E acabo citando as palavras da autora, numa entrevista a Carlos Reis, publicada este ano no volume Diálogos com Lídia Jorge:

“Eu continuo a olhar para a vida de forma desprevenida, procuro não deixar que me apaguem de todo a inocência. Sei que a desconfiança é a mãe da ciência e do conhecimento, até talvez seja uma componente do talento, mas eu preciso de não desconfiar para sobreviver. Preciso de acreditar que aquilo que move o mundo é o amor, e não tenho vergonha de o afirmar […]. a minha lente tem de estar suficientemente limpa para eu acreditar no mundo como acreditava quando era criança. Se não acreditasse na possibilidade de uma qualquer harmonia do mundo, para que iria perscrutar a sua obscuridade? Foi essa ideia de confiança em alguma coisa para a qual ainda não encontrei o nome, mas que tomo como essencial, que me faz superar o desconforto, e que me faz gostar das pessoas e admirá-las, e esperar delas a superação. Prefiro acreditar que os seres humanos são criaturas em ascensão na escala dos valores em vez de nos interpretar como uma geração caída do alto para a miséria deste mundo. É esse traço de demanda pela confiança, naturalmente, que acaba por passar para os meus livros e lhes dá uma dimensão mais abeliana do que cainita, dimensão que, por vezes, as pessoas dizem que é ética. Mas eu acho que não é ética, é apenas poética. Os meus livros, se os interpreto com objetividade, não têm sermão, têm proposta de liberdade.”

(in Carlos Reis, Diálogos com Lídia Jorge, Alfragide, D. Quixote, 2025, pp. 88 e 89).

Por tudo o que aqui disse – e considero que muito ficou por dizer – é uma enorme honra para a Universidade dos Açores ter a partir de hoje no seu quadro de doutores a Doutora Lídia Guerreiro Jorge, cujas vida e obra têm revelado humanismo, lucidez e esperança, lembrando-nos que a literatura continua a ser um lugar privilegiado para pensar o mundo e para o transformar.

Muito obrigada!

Ana Cristina Correia Gil

Ponta Delgada, 10 de dezembro de 2025

Fotos de Onésimo Teotónio Almeida

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