Vítor Serrão e Mário Rui Silvestre

A propósito dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões (1524-1580), este livro de 500 páginas (Edições COSMOS, capa de Alexandre-Joseph Desenne ) junta ensaios de dois autores: Vitor Serrão e Mário Rui Silvestre. O primeiro é professor catedrático, investigador e ensaísta; o segundo é romancista, poeta e historiógrafo. Ambos abordam o tempo de Camões neste livro que afinal são dois livros e um conjunto de 32 páginas de elementos fotográficos sobre a vida e a obra de Luís de Camões com 57 imagens e respectivas legendas. Nenhuma ficha de leitura pode substituir a leitura (ela mesma) deste volume tão especial. Fixemo apenas dois pontos. Vitor Serrão fez uma viagem aos «anos de chumbo» do século XVI quando a repressão e a censura da Inquisição atacavam a criação literária e artística. É um tempo de fechamento das liberdades como se lê na página 309. Mário Rui Silvester utiliza um estilo muito próprio – ao mesmo tempo coloquial e solene, ir+onico e erudito – para responder à pergunta sobre Camões «Onde nasceu e em que ano?» As hipóteses são várias (Lisboa, Alenquer, Santarém, Coimbra) mas Mário Rui Silvestre defende que o Poeta nasceu em Santarém, filho de Ana de Sá Macedo e de um padre que oficiava na igreja da Alcáçova. O livro revela uma descoberta de Vítor Serrão: um poema inédito do vate português que participou num torneio poético ao lado de Francisco de Moura, Andrade de Caminha, António Ferreira, Diogo Bernardes e Conde de Matosinhos. O livro é dedicado à memória do historiador Joaquim Veríssimo Serrão (1925-2020) e dele apetece dizer «Quem não leu não sabe o que perdeu».
José do Carmo Francisco, escritor
