
Joana d’Arc
Aos solavancos, o canto
do bem-te-vi mateiro.
***
O inesperado estalo
trouxe a turma toda
da escola a sua casa.
Joana, envolta
numa mortalha
de margaridas.
Olhos fechados
como se tirasse pétalas,
un peau, [um pouco]
beaucoup [muito]…
Ninguém via a bala
no peito. Ela a escondia
sob as mãos,
passionnément, [intensamente]
à la folie [com loucura]…
Joana d’Arc, alcunha de sua mãe
em cascatas de soluços.
Joana em sorriso herbáceo, selado,
lindo, em toque de cera.
Perenemente branca
como os raios do sol outoniço.
Seus cabelos louros
roubavam mel dos discos florais.
Tudo posto ao descanso.
Tudo desfeito ao repouso
e branco.
A litania suave,
o caixão, o cheiro longo
lacrimejante das velas.
Os dois anjos da carruagem.
Tirei nossa última pétala,
pas du tout [de jeito algum].

Joan of Arc, oil on canvas by Jules Bastien-Lepage, 1879; in the Metropolitan Museum of Art, New York City.
The Metropolitan Museum of Art, Gift of Erwin Davis 1889, (89.21.1), http://www.metmuseum.org
Joana D’arc
The chickadee song —Bem-te-vi— [I saw you well].
***
One piercing sound calls
the schoolchildren,
to her house.
Joana in a shroud
of daisies.
Eyes closed
As we’re plucking petals
un peu, [a little]
beaucoup [a lot]
No one sees the bruise.
She hides the chest-hole
beneath her hands…
passionnément, [passionately]
à la folie, [to madness].
Joana D’Arc—her mother’s namesake—
in cascading s o b s.
Utterly sealed, Joana.
Herbaceous smile,
pretty in that waxen mood.
Perennially white
as the rays of the Fall s u n.
Her golden hair
steals yellows
from the disc florets.
All left in rest,
all was repose
and white.
Soft-spoken prayers,
The coffin, the scent of plaintive
candles, the two angels’ carriage,
I plucked our last petal
pas du tout [not at all].
RoseAngelina Baptista, poeta
