O pintor por José do Carmo Francisco

Nova série retratos 91

Morreu no Japão o pintor Nagashima (1944-2025) que veio para Portugal em 1998 (Ano da EXPO) e por aqui ficou a pintar, fascinado com Lisboa, a quem chamava «a cidade dos ventos». Era cidadão honorário do Largo Príncipe Real onde o apresentei à minha amiga Kioko Koiso, doutorada em História e autora de um notável livro sobre as viagens no tempo dos Descobrimentos («Mar, medo e morte») que foi a sua tese de Mestrado. Na esplanada do senhor Oliveira (para ele foi sempre Oribera) Nagashima cumprimentava João Soares, o editor do livro «As Ilhas Desconhecidas» de Raul Brandão. Ali deu uma entrevista a Joel Neto, jornalista terceirense (Terra Chã, salvo erro) para a Revista Notícias Magazine do Diário de Notícias. Na mesa ao lado tomava café o actor Miguel Guilherme que fez o papel do escritor João de Melo na série «Gente Feliz com Lágrimas» de José Medeiros para a RTP Açores. Noutra mesa abancava o poeta Eduardo Guerra Carneiro, vizinho da Travessa do Abarracamento de Peniche (onde morava o filósofo e escritor Agostinho da Silva) conhecido e reconhecido como o autor do livro de poemas «Isto anda tuo ligado». E continua tudo ligado mais do que nunca. A vida, como todos sabemos, é um grande mistério; nunca um negócio. Se fosse um negócio os ricos compravam a saúde e morriam muito mais tarde do que nós. Para mim Nagashima, o pintor que veio do Japão para pintar Lisboa, não morreu e continua por aí a pintar a cidade e ao seus registos de «cidade dos ventos» algures entre o Castelo de São Jorge e o Príncipe Real, entre a Praça das Flores e o Miradouro de São Pedro de Alcântara, ou seja dentro do coração de todos nós.

José do Carmo Francisco, escritor

Fotografia da Internet https://www.agendalx.pt/events/event/minoru-nagashima-2/

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