Cânticos do Mesmo Sal

Ilhas, continentes e margens ligados pela palavra portuguesa

Cânticos do Mesmo Sal convida-vos a juntar a vossa voz a este coro lusófono. Cada poema é uma onda, cada verso um grão de sal — juntos, formamos o oceano da língua portuguesa. Participem e deixem que a vossa palavra una margens, ilhas e continentes.

Temos o prazer de começar com José do Carmo Francisco

Sobre um tema de Vitorino Nemésio
Viver nas ilhas pequenas
É comprar paz com desconto
” (Vitorino Nemésio)
Viver nas ilhas pequenas
É ter mais tempo nos dias
Entre manhãs tão serenas
E as noites longas e frias


O dia tem horas cheias
Passam os vários vapores
E na sombra das baleias
Há vozes de trancadores


O vinho das cepas velhas
Desce com a neve do Pico
Desde a porta até às telhas
É nesta adega que eu fico


No sossego das lagoas
Na distância das fajãs
Perdi a voz das pessoas
Na gramática das manhãs


Viver nas ilhas pequenas
É comprar paz com desconto
Ter numa factura apenas
A vida ponto por ponto


José do Carmo Francisco, poeta

Uma só língua, mil vozes: a poesia que atravessa oceanos e gerações.”

A nossa missão é reunir e difundir a poesia escrita em língua portuguesa, nas suas múltiplas expressões regionais e estilísticas. Queremos criar um espaço onde as vozes de diferentes tempos e lugares se entrelacem, celebrando a riqueza cultural, histórica e afetiva que a língua portuguesa transporta. Teremos clássicos e contemporãneos. Uma mescla de vozes de hoje com vozes de ontem.

Sonhamos com uma comunidade literária sem fronteiras, em que a poesia em português — de Lisboa a Luanda, do Rio de Janeiro a Díli, de Ponta Delgada a Maputo — seja reconhecida como património comum e universal. Desejamos que cada poema seja uma janela aberta para a diversidade e, ao mesmo tempo, para a unidade que a língua proporciona.

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