Letras dos Açores por José do Carmo Francisco

Luiz Fagundes Duarte

O essencial sobre Natália Correia

Natália Correia (1923-1993) tem na vida social, cultural e política do nosso país um enorme peso em muitos vectores: poesia, romance, teatro, conto e tradução (no campo da literatura) e uma acção política como deputada (de 1979 até 1991) além de acções cívicas por exemplo em defesa dos direitos das mulheres. Este livro de Luiz Fagundes Duarte (Editora Imprensa Nacional) inclui nas suas 127 páginas muita informação sobre a actividade jornalística de Natália Correia que tal como Oliveira Martins, Alexandre Herculano, Almada Negreiros ou Fernando Pessoa (por exemplo) não tinha nenhum título académico. No jornal «Portugal, Madeira e Açores» fundado em 1884, Natália entrevistou figuras da Cultura dos Açores como Lacerda Machado, Diniz da Luz, Armando da Cunha Narciso, José Vieira da Areia, Marcelino de Almeida Lima, Augusto Rebelo Arruda, Agnelo Casimiro e Duarte Castanheira Lobo, secretário-geral do Partido Trabalhista no qual Natália militou em 1946. No dia 15-9-2023 os deputados da Assembleia da República recordaram a sua figura parlamentar usando estas palavras: apaixonada, apaixonante, audaz, autónoma, bela, combativa, contraditória, controversa, corajosa, culta, diferente, enorme, extraordinária, feroz, fulgurante, grande, iconoclasta, imprevisível, inconformada, independente, indivisível, indomável, inimitável, inspiradora, insubmissa, inteligente, intensa, intransigente, invulgar, irreverente, irrevogável, livre, luminosa, lutadora, marcante, notável, polémica, provocadora, rebelde, resistente, revolucionária, singular, subversiva, superior, suprema, una, vanguardista e voluptuosa. Fica, como convite à leitura, um dos seus notáveis poemas: «Nasce-se em Setúbal/Nasce-se em Pequim/Eu sou dos Açores/Mas não é assim/A gente só nasce /Quando somos nós/ Que temos as dores». JCF   

José do Carmos Francisco, escritor   

Leave a comment