De Ilha em Ilha a que Ilha chegaste?

Pelo meio deixaste muitas ilhas que outros habitam…

Apanhei o barco e seguirei até te encontrar e vou partilhando as águas

… e as palavras.

Será ilha? palavra

rodeada de silêncios e brumas…

o barco que a alcança tem velas largas

ouvidos atentos e olhos grandes

não se isola na imensidão de orelhas moucas;

navegadora das distâncias

há sempre um fio ou um sopro que a propaga

e faz dar volta ao mundo

Regressa com novos ornamentos e sons

das paragens que a acolheram

traz brisas e brincos de ouro

riquezas e tons inesperados

É sempre bom voltar

ao coração que a gerou

e onde se sente em casa

entre águas que a conhecem

nelas descansa e refresca

antes de nova viagem de partilha

e nesta melodia de vai e vem

encontra sons e canta

os povos e o sol

os montes e as escarpas

e em coro com as demais

entoa o hino à ilha que a viu nascer

era uma ilha

entre tantas ilhas…

a ilha agora era eu

rodeado por muitos lados
água rochas ventos marés e
mares ondas e ondas de
palavras alguns peixes e sal
e marés de sol principalmente 
marés de sons e de palavras

quentes mas lavadas

com luz de todos os polos

as águas que me rodeavam agora

estavam bem no meio

onde eu era ilha

outras ilhas me cercavam

e eu a todas falava

nas palavras

que só as ondas e as ilhas entendem

e sendo ilha

viajava nos olhares

que os veleiros levavam

e traziam de outros mares

e de outras ilhas noutras terras

nas linhas que nos ligavam

tantos nomes lhes davam

a essas vozes das ilhas

ecos de mim

João S Martins,poeta