
Esta semana iremos prestar homenagem ao escritor Alfred Lewis, natura da ilha das Flores, e que viveu mais de 75% da sua vida no Centro do Vale de São Joaquim, aqui na Califórnia. Teremos uma série de textos sobre o poeta/escritor e alguns textos de próprio autor. Terminaremos hoje, sexta-feira, com um ensaio da poeta e co-curadora da série Alfred Lewis Bilingual Readings, RoseAngelina Baptista, a quem agradecemos toda a sua colaboração e dedicação. Alfred Lewis faleceu nesta segunda semana de janeiro do ano de 1977, precisamente há 48 anos, ou seja, no sia 10 de janeiro de 1977.
This week (January 6th-10th of 2025), Filamentos by Bruma Publications from the Portuguese Beyond Borders Institute (PBBI at Fresno State) and with the collaboration of the Luso-American Education Foundation, will present a tribute to Alfred Lewis, an Azorean writer who spent the majority of his life in the Central San Joaquim Valley. We will feature essays in Portuguese and some works in English from an array of writers and poets, ending with an essay from poet RoseAngelina Baptista, co-curator of the Alfred Lewis Reading Series. It was 48 years ago today that we lost the poet, Alfred Lewis: on January 10, 1977.
Ponte Oculta em Brumas
The bridge appears when you walk across it
Marie Howe
por RoseAngelina Baptista
A expressão da multiculturalidade do lastro luso-americano é delineada por uma resiliente e contínua transformação de aspirações e realizações sociais, materiais e imateriais dessa comunidade como um todo, contribuindo assim ao complexo e grande experimento americano.
Paulatinamente, graças aos sucessivos empenhos de homens e mulheres visionários humanistas e articuladores do discurso que promove a sensata informação, é que esse movimento de revelação do que pertence ao humano, do que é de sua responsabilidade de cuidar, dividir, somar, se espraia em ondas, erodindo margens, alisando rochas, desfazendo ilhas. Portanto, trazendo novas possibilidades para plausíveis soluções aos desafios sociais democráticos, ou seja forjando um mundo de mais e não de menos.
Dentro deste prisma, ao vislumbrarmos no campo das artes e culturas no âmbito da poesia luso-americana, nos deparamos com uma admirável “ponte” que se reveste de aparente bruma.
Orgulho do Vale de São Joaquim na Califórnia, uma “ponte” esfumada, mas que desafia a gravidade do tempo. Uma “ponte” que representa um estender de uma mão antiga e amiga sobre um ombro necessitado. Um tangível conforto, essa “ponte” implica, em seu simbolismo a encarnação de uma vereda de comunicação. Uma “ponte” construída por um homem que ousou criar em seu tempo de dificuldades, um espaço aberto e transformativo conectando línguas, culturas, mundos através dos valores estéticos e virtuosos em sua vibrante poesia.
A poesia bilíngue de Alfred Lewis enaltece a paisagem pluricultural norte-americana pois
convida à transculturalidade. Em sua essência, o convite a um exame de como a imagem presente no reino da memória forma a tessitura primal do discurso humano.
A imagem, isto é a visão que se torna memória, recente ou passada, é dos sentidos o que evolutivamente mais ocupa no cérebro caminhos e conexões nervosas que vão do lobo frontal ao occipital, nenhum outro sentido tem tanta massa cerebral `a sua disposição.
Embora a poesia enquanto mãe da literatura tenha suas origens em cantigas dos campos de colheitas, no comércio marítimo, nos campos de batalhas, nos cemitérios, oráculos, acontecimentos estes que pré-datam o aparecimento da escrita, a poesia tem na imagem, e portanto na metáfora, a meu ver um apelo impossível de se negar, talvez mais que no som, sentido secundário a sobrevivência das espécies comparado `a visão.
A imagem é sobretudo um artefato do tempo e portanto memória. Por isso o ditado popular diz que o discurso vale prata, porque o silêncio como quietude interior traz a possibilidade do imediato, sem interferência da memória. A memória como faculdade cognitiva, e a emoção que ela suscita, seja de anseio, saudade, é central `a criação poética Lewisiana.
O que faz a linguagem poética de Alfred Lewis com o mundo da imagem?
Ela dá ao leitor um espaço, transmite um ponto de vista íntegro, propicia um encontro com o mundo natural e as contradições do instinto humano, preso ao tempo pelo pensamento distante do imediato.
Uma literatura que nos fala com clareza sem subterfúgios, e nos abriga por muitos ângulos, seja por dar um sentido de pertença, seja por nos atiçar `a reflexão sobre a transiência que pesa sobre o destino humano, seja por nos narrar as maravilhas paradisíacas que existem na terra e só precisam ser preservadas das incursões humanas, seja por nos alertar singelamente a observarmos nossos próprios sentimentos e atentamente ganharmos o poder de descartar os triviais pensamentos desprovidos de bom senso, e que não nos prestam em nada.
Embora Alfred Lewis tenha sido um escritor que produziu variedade de textos em prosa narrativa e demonstrativa como cartas, crônicas, traduções, dramas, contos e romance, Lewis foi desde sempre um poeta. Seu talento inato foi precocemente reconhecido por seus educadores na escola de sua vila, na congregação de sua comunidade religiosa. Suas primeiras poesias foram publicadas num jornal de Santa Cruz das Flores, quando Lewis era um adolescente. Entre os poucos pertences que trouxe de viagem como emigrante foi um maço de seus próprios versos. Quando foi ao congresso de escritores no Colorado, ao fim da década de 40, levou consigo poesia em inglês na maioria.
Se bem que como escritor tenha captado a atenção pública com o best-seller “Home is an Island”, publicado pela Random House em 1951, e elogiado por editores como New York Times Book Review, Chicago Sunday Tribune e San Francisco Chronicle; a energia impulsora de Alfred Lewis, reconhecida pelo próprio autor era primariamente poética. Esse foi o gênero mais próximo da expressão da quintessência de sua versátil humanidade.
Entretanto, a arte poética raramente encontra suporte em meio social inclinado `as aquisições materiais sobre as espirituais. E isso contribuiu para Alfred, um jovem curioso por aprender e ler, a ter que focar seus esforcos em oportunidades de trabalhos terciários diversos como forma de
sobrevivência, impossibilitado de seguir seus estudos formais e convergê-los numa ideal carreira acadêmica. Mas Alfred, cujo intelecto era de grande criatividade, insistiu em escrever nas horas vagas. E manteve um arquivo de seu poemário ao longo de sua carreira, cerca de duzentos poemas foram escritos num período de sessenta e três anos contínuos da adolescência até sua morte, dos quais cinquenta e cinco anos foram vividos em solo californiano.
É interessante notar que o triunfo de Lewis se deu por seu esforço e foco cultural nutridos individualmente, mas que floresceram por intermédio de grandes homens de seu tempo que o apoiaram em seu anseio de aprender. O primeiro foi seu professor primário e posteriormente seu mentor, na Fajã Pequena, Sr. Leal Dias, que o introduziu à literatura clássica portuguesa. Na Califórnia, outro Florentino, Sr. Pedro L. C. da Silveira, jornalista e escritor, editor do Jornal Português em Oakland, foi outro importante mentor para Lewis. Também merece ser mencionado os acadêmicos norte-americanos Allan Seager que referiu o primeiro romance de Lewis a seus agentes literários de Nova Iorque, e por último Donald Warrin, escritor interessado na historiografia da comunidade portuguesa pelo Vale de São Joaquim, que conheceu Lewis nos últimos três anos de sua vida e divulgou seus trabalhos na medida em que pode.
Infelizmente, o livro Aguarelas Florentinas e Outras Poesias, foi publicado como obra póstuma. O texto foi curado pelo escritor e acadêmico Donald Warrin e editado pela Direção do Serviço de Emigração do Governo Regional dos Açores em 1986 para o II Congresso de Comunidades Açorianas que ocorreu na biblioteca pública de Angra do Heroísmo de 27-30 de Novembro de 1986. Houve ainda, no mesmo ano, uma edição deste volume em pequena tiragem pela editora Livraria Cruz de Braga, Portugal.
Essa resenha pretende acrescentar uma nova forma de vislumbrar a inusitada poesia de Alfred Lewis, através da perspectiva intuitiva de se tentar ver os atributos do poema Lewisiano o mais próximo possível do que ele concebeu, e trazer ao público aspectos pessoais de minha apreciação como poetisa luso-americana dos versos desse grande bardo. Quiçá esse texto possa servir como fonte de informação, e inspiração para as novas gerações de leitores e poetas dos mundos luso e anglo abalizando-os sobre a dimensão e valor literários do corpus poético de Alfred Lewis.
A obra poética de Alfred Lewis foi compilada através de um vasto arquivo do autor onde se encontram escritas desde sua chegada à Califórnia como imigrante da Ilha das Flores, Açores no
ano de 1922 até sua morte na cidade de Los Banos, Merced County, Vale de São Joaquim em 1977.
Sua coletânea, ora escrita em sua língua nativa, ora na língua adotiva, expressa uma cosmovisão edificada por pilares de duas culturas, diferentes em formas de pensar, atitudes, crenças mas que têm em comum a mesma humanidade.
As principais ideias que permeiam o corpus poético da obra Lewisiana emergem de sua fé cristã e adoração ao mundo natural.
Desse universo ele retira as inspirações de sua escrita e as veicula através da memória, a mãe da Musa, a temática característica da poesia cristã comum aos mundos de culturas ibero-anglófonas: o Ser e o Belo. Amor, Perda, Anseio, Morte, Luto,Transiência, Dor, Compaixão, Guerra e Paz, Amizade, Natureza, Solidão, Temor, Coragem, Transformação, Fé, etc.
A memória, cerne da arte poética, empodera o autor por sua vasta riqueza de apreender diferentes realidades histórico-culturais, geográficas. A memória é importante ponto de referência sobretudo na fase final do périplo poético de Lewis.
Contrário ao que alguns autores mencionaram no passado, Lewis foi um homem de grande cognição e curiosidades por aprender, a prova disto são suas concretizações no âmbito literário, um homem autodidata. Lewis tinha conhecimento básico de latim e português antes de aprender por si, a língua inglesa, foi um poeta que escreveu cônscio e sincero seu legado.
Um olhar de relance à sua vida nos auxilia a penetrarmos no reino de suas palavras, usadas com gentileza sábia e intenção de quem conheceu sem temor os tremores `a sua noite escura.
Homem de letras, sua casa tinha uma imponente biblioteca com volumes de grandes escritores brasileiros, mexicanos, portugueses e anglo-americanos. Era um ser humano aprazível, alinhado com um senso de organização e propósito. Um indivíduo de natureza calma. Abominou com suas escritas as guerras que vivenciou em seu tempo de vida. Viveu sua imigração em tempos de fogo como Grande Depressão, Movimentos de direitos Civis, II Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Vietnã, Guerra Fria, Ditadura em Portugal.
Nesse contexto podemos vislumbrar como esculpiu seu legado, transmitindo um universo de humanidades para que pudesse servir de pertença e inspiração aos milhares de outros imigrantes do mundo luso, deixou um testemunho de uma poesia além das fronteiras.
Seu texto nos convida para uma aproximação com a natureza, em tempos de alteração climática, nos encoraja a um sentido de maior generosidade, cooperação, empatia em tempos de divisas.
Seu mérito literário dentro da poesia luso-americana é imensurável, devido ter sido a voz pioneira a criar do nada uma ampla rodovia para outros chegarem por várias direções de percursos.
A simplicidade intencional com a qual compôs seu discurso poético é similar ao estilo do poeta brasileiro Mário Quintana, porém menos intimista que este.
Fases de sua produção poética de Alfred Lewis como poeta cristão:
1914-1922: Anos de formação intelectual como Florentino. Influências de Camões, Garrett, Queiroz, Herculano, Quental. Os poemas desta época são marcados por formas de composição como sonetos, baladas, quadras com rimas.
1922-1945: Anos de formação intelectual como imigrante açor-americano. Assimilação de língua, história, valores e cultura americanos. Influências de Whitman, Crane, Hemingway.
Nessa fase explora o valor cívico da língua adotiva em versos livres, com precisão progressiva, simplicidade e concisão.
1945-1977: Maturidade e apogeu literário. Compilação do legado de diálogo entre culturas, sublinhando a arte como fonte de equilíbrio. Escreveu ecopoesia da Ilha de Flores e Vale São Joaquim.
Poemas anti-guerra, memórias de Ilhéu, fase de grandes reminiscências poéticas.
Top of Form
Os excerptos a seguir demonstram a singularidade sensitiva, pureza emocional cujo corolário é uma clareza sem afetação intelectual interpretativa da idéia causal do poema. O poeta não requer do discurso, qualquer enfeite, fabricação pois sua força criativa é nua e crua, natural, simples, espontânea, direta.
Emigrante Sozinho
“O mar que vê é verde
…….
O sol que sente, outro:
Uma bola de fogo, nua
……….
A voz da noite é nova:
Apitos; som sem música das fábricas
……..
E a saudade como nuvem de chuva
Ou manto roxo de lã,”
Poema telúrico, onde vemos a paisagem costal Californiana com a floresta de algas em Monterey Bay, praia de proximidade de Los Banos. O verão quente e seco do Vale. A metáfora da saudade é concebida com uma surpreendent criatividade.
Amália
“Esta manhã ouvi a voz de Amália
chorando, puro, neste céu d’Outono”
Domingo `a Tarde
“Três e meia da tarde; as avenidas
bebem o sol sem movimento algum;
……….
Nesta cidade verde que adotei
tão longe do lugar onde nasci.”
Soneto sem Título
“Vens para a vida, vácuo imenso e frio!
Que vens nela encontrar? Lutuosas penas,
Feras humanas, corações, maldade…”
Companheira
“A mesma guerra e raiva; a mesma fome;
Os mesmos jovens a sonhar em vão.”
Manhã d’Estio
“Um grupo de moscas valsa no centro
da nossa sala caiada de branco.
……….
Os sons cansados de Agosto
como droga magical tornam
minhas horas em sonho
…………..
No centro da sala as moscas
dançam, parece uma mazurka agora.”
Açores: Parto
“Pedras negras expelidas
do ventre do Mundo
para o cimo do Mar.”
Carta
“Eu quando um dia,
For `as Flores, ` terra onde nasci,
Todo cheio de “prosa” e de alegria,
– Um rei em pequenez de colibri…”
Poema humorístico de exploração lúdica sobre o devaneio de uma visita `a ilha. Escrito em quadras rimadas ABAB sendo a última ABBA. Nele vemos o dialogo entre as culturas do imigrante, introdução de alguns vocábulos em inglês.
Noite Antes da Partida
…
“Um pedaço de madeira tornou-se
Um monte estrelado de cinzas.”
Noitinha
…
“Deus como sempre
Acende os astros, grandes e pequenos
E padeja carvão para acender a lua.”
…
Um vapor branco
Com bandeiras de mastro a mastro
A deslizar no mar, perto da praia.
A Contribuição Lewisiana para a Etno-geografia Insular
Enriquece a documentação etnográfica da tradição das ilhas atlânticas em tempos de padroado, nos brinda com incursões de relatos de vida, detalhes de acontecimentos históricos e sociais:
Local e paisagem: Ilha de Flores: Fajã Pequena, Ribeira Grande, Caveira, mar atlântico, floresta de faias, canas rocas, cedros e pinheiros, sargaços e outras ervas aquáticas, árvores frutíferas: uvas, pêssegos, marmelos, melão, melancia, figos, hortênsias, cubres, escarpados, rochedos, lagos, pauls, ravinas, aguaceiros, ribeiras, cachoeiras, marinhas, grotos baias e grutas e cavernas.
Comunidade: crianças, jovens, raparigas d’ olhos negros ou azuis, idosos, pais, padrinhos, irmãos, tios, primos, enfim o Ilhéu.
Profissões do mundo rural: padres, lavadeiras, camponeses, carteiro, soldado, beatas, pescadores, baleeiros, parteiras, vendedores, professores, músicos, marujos e sacristãos.
Arquitetura: casas de rochas e pedras vulcânicas, fogões de lenha rústicos, ruas e pontes de pedras, igreja antiga de Nossa Senhora dos Remédios com sua torre sineira, ruas de pedras, pontes de rochas.
Veículos: carro de boi, caravelas, vapores, navios.
Culinárias e Bebidas: caldo de agrião, inhame, torresmo, linguiça, frango, bolo, leite, vinho, café, queijo, filhos. Peixes bonito, truta; frutos marinhos: eirós e polvo, porco, frango, verduras, leguminosas
Crença Católica: Orações, Breviários, Sermões bíblicos, festejos de padroeiros como N.Senhora., Santo Antonio e ritos religiosos de passagem como batismo, calendário gregoriano.
Nomes próprios: Mariana, Maria, Antonio, Manuel, Francisco, Cura, António, Rodrigues, João, Maricotas, Leal Dias, Maria do Anjo, Corvelo
Cosmologia Rural Insular: astros e estrelas, dimensão do tempo pelas quatro estações do ano, horas do dia e noite, ventos e chuvas.
Criação e criaturas: cães, vacas, cabras, lebre, sapos, porcos, eiros, búzios, baleias
Insetos: formigas, cigarras, grilos, vespas, abelhas, aranhas, moscas, mariposas
Aves galo, pombas, canários, melros, cotovias, garças, pardal, aves marinhas
Roçados e Pomares: Batata, inhame, centeio, milho, taro, tremoço (lupin/fava)
Instrumentos de Trabalho: machado, avelão
Indumentária: Xaixe de lã, colcha de linho, lençol, manto, capote
Exemplos de tópicos e temas explorados nos poemas em língua inglesa
Bi-Centennial: A Portuguese Salute (July 4, 1976)*
Vietnam
Massacre
Plea for Peace
Pax
Atomic Nightmare
This is War
Memorial Day (1948)*
Returnee
Warning
Police Call
No One will come to my Funeral
Prayer at Christmas*
A Redwood Remembers
Women in Church on Good Friday*
Mockingbird
Garage Sale
Frost
Petition
Stock in Trade
All Souls Day*
Birthday
Queer People
Navahos
Plenty of Nothing
Last Supper
Here, Leave me
Noche de Los Pobres
Tears for a Liberal
Payment
Justica My Lai
Spring as a Promise (May Day, Spring Fair*)
*Datas cívicas do calendário americano
Nota: Em vários deste poemas de temática anglo-americana, Lewis descreve aspectos geografia e ecologia do Vale de São Joaquim. São poemas que revelam disciplina, ordem de pensamento e fluxo conciso, preciso no uso do léxico, com controle de emoção.
Exemplos de tópicos e temas explorados nos poemas em língua portuguesa
Baptismo
Balada `a Santa Izabel
Catecismo
Depois da Missa
Noitinha
Carta
Ilheu
Octopus Stew
Cemitério
Primeiro Amor
Açores: Parto
Amália
Figos
Salmoira
Desalento
Manhã d’Estio
Arauto
La Ronde
Companheiras
Emigrante Sozinho
Exílio
Vida
Matança
Saudade
No Centro da Ilha
O Natal em Nossa Casa
Parteira
Moinho
Pecado
Romeiro
Baleia Morte
Os Dois Caixões
Árvore do Areial da Ribeira Grande
Enfim, talvez possamos considerar que a poesia em Lewis é uma poesia que tem na fé seu elemento central de visão literária. Sua poesia é inseparável de sua cristandade.
Cedo ele aprendeu a conhecer o lugar da poesia sacra ao se familiarizar com os textos dos antigo testamento como as primeiras experiências poéticas. Mais tarde foi conduzido ao cânone da literatura ibero e americana. Por isso sua obra poética propicia um santuário ao pensar humano, pois pode levar o leitor atento e aberto, `a matriz-mater que gerou aquele determinado poema.
Lewis escreveu inicialmente para uma população católica de imigrantes pobres que não tinham o inglês como língua materna. Trabalhadores árduos cujo imaginário estava carregado de lendas cristãs das ilhas.
O poeta explorou o sentimento Saudade enquanto faculdade cognitiva vinculada `a memória do eu emocional, o fato de relembrar, realçar, rebuscar, regenerar o pensar, e sentir, mas também vinculado `a liberação.
E Lewis utiliza essa capacidade intelectual de rever o passado, um paraíso menos agredido por contrastes e rupturas, pois há no homem contemplativo uma intuição de que a sorte humana aparenta ser precária, e o destino da vida tende a sua despoetização, por isso o poeta prescinde do devaneio, origem do discurso poético que move as imagens de afeto em palavras.
Através dessa liberação, o mundo natural lhe favorece com perspicaz discernimento, da transiência da memória, pensamento e sentir. Lewis enquanto homem se revigora, assim naturalizado, capaz de humanizar suas carências essenciais. Assim se transforma pelo poder de observação e uso de legítimo discurso transparente, algo imanente, universal, tangível e vísivel como uma ponte fascinante para ser ser avistada e caminhada por muitos.
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— “Poetry as Enchantment and Other Essays.” Paul Dry Books, 2024.
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Warrin, Donald. “Alfred Lewis—Romance e Poesia em Dois Idiomas.” Arquipélago No. 3, 1981.
— “You Can’t Go Home” : The theme of Emigration in the Poetry of Alfred Lewis” Portugueses na America do Norte: Coloquio da Universidade da California, 1983. Eduardo M. Dias.
—Alfred Lewis Bilingual Reading Series. Zoom Webinar Programs I-VIII, 2003-2004. Portuguese Beyond Borders Institute, Fresno State, California. Youtube
