Altares da Memória é uma”vastíssima investigação”

ANÁLISE DE JOÃO MARIA MENDES AO LIVRO DE ASSUNÇÃO MELO

“Uma vastíssima investigação (…), uma pormenorizada recolha de fontes (…). É assim que João Maria Mendes descreve o livro Altares da Memória – O advento das micro-histórias na periferia das periferias, de Assunção Melo, apresentado nas festas Sanjoaninas que estão a decorrer em Angra do Heroísmo.
Profundo conhecedor da freguesia dos Altares, onde foi pároco durante vários anos, João Maria Mendes destaca as fontes utilizadas pela autora para escrever a sua obra de quase quinhentas páginas.

Um dos destaques é o acervo documental da Auditoria Administrativa, sendo outro “alguns papéis” do Cartório Paroquial dos Altares. Mas Assunção Melo usou também “os clássicos cronistas açorianos: Padre Gaspar Frutuoso, Frei Diogo das Chagas, Padre António Cordeiro, Ferreira Drummond, Padre Jerónimo Emiliano de Andrade com as substanciais notas posteriores do então Pároco dos Altares Monsenhor Alves da Silva”.
 “Todos eles”, disse João Maria Mendes, “se referem a esta vetusta freguesia do norte da ilha Terceira”.
A autora utiliza bibliografia recente, mas não deixou de aproveitar “testemunhas diretas e participantes dos fastos acontecimentos que ali foram ocorrendo, sobretudo no século XX”.
João Maria Mendes realça o caso do pai de Assunção Melo, João Leonel Esteves Correia, “que deixou uma memória escrita que a filha criteriosamente usou para relatar factos, identificar pessoas e mencionar costumes ancestrais da população altarense”.
Outros casos são Joaquim Caetano, “que a ajudou no relato das instituições e coletividades culturais dos Altares” e José Parreira, “fotógrafo, que legou um notável acervo fotográfico dos acontecimentos mais importantes que foram ocorrendo naquela freguesia”.

CAPÍTULO A CAPÍTULO
Ao analisar os vários capítulos do livro, o que faz com algum pormenor, João Maria Mendes destaca o capítulo dedicado ao património imaterial, “onde são descritas e recordadas as festas populares e religiosas”, referindo também uma parte que “trata das vastíssimas tradições, costumes e mitos que aconteciam e ainda acontecem, na freguesia dos Altares”.
Também digno de destaque, para o apresentador, é o capítulo relativo às atividades económicas de freguesia. “Desde a primitiva indústria do pastel, de que os Altares foram produtores e exportadores de relevo, passando pela agricultura, apanágio das nossas velhas famílias rurais terceirenses, e da indústria de olaria e fabrico de telha que perduraram até aos nossos dias”, refere João Maria Mendes.
“Não menos importante é o relato e a fixação do cancioneiro popular da freguesia: orações, adágios e contos, com destaque para o célebre conto do Touro Azul”, conclui João Maria Mendes.

in Diário Insular, José Lourenço-director

Na apresentação do livro em Angra do Heroísmo.

Leave a comment