“É da maior importância estudar o percurso das famílias da nossa ilha” Liduino Borba-escritor e editor

O que nos traz esta série “Famílias da Ilha Terceira”?
Esta nova coleção – Famílias da Ilha Terceira – começou neste ano de 2024, com a família Bendito/Bailhão e pretende ser um meio adequado de transmissão de genealogias e histórias de famílias desta ilha, por vezes com ligações familiares a várias ilhas dos Acores.

Qual é a história dos Bendito (Bailhão)?
A história desta família é mais uma das relevantes da ilha Terceira, sem que esteja ligada à classe nobre, como aconteceu, ou acontece, a tantas outras. Foi, ou é, gente que deixa legados importantes emvários setores de atividade, como agricultura, comércio, indústria, cultura, administração, servicos, etc., com nomes bem conhecidos de muita gente. Esta história e genealogia dos Bendito/ Bailhão só foi possível ser concluída tão pormenorizadamente com os textos biográficos, e não só, do coautor deste livro João C. Bendito, a viver em Lincoln, Califórnia, que, através dos meios digitais atuais, possibilitou engradecer esta obra.

O que mais o surpreendeu nesta genealogia?
Quando fazemos investigação genealógica encontramos sempre surpresas agradáveis. Esta família Bendito/ Bailhão tem raízes na freguesia de São Mateus, ilha Terceira, que passam para a freguesia vizinha de São Bartolomeu, de onde emigra o primeiro membro para terras do Brasil e que, segundo se crê, trouxe de lá o sobrenome Bendito acrescido ao Machado. Sim, porque esse membro embarca apenas com o sobrenome Machado e, mais tarde, já tem o Bendito acrescido. Bailhão é uma alcunha que também deve ter origem no Brasil, ligada à atividade de Bailhe ou Baile, de que um deles era muito “bailhão”. Outra surpresa foi a localização dos vários membros da família pelos Açores, Continente português, Inglaterra, África, Brasil, América, Canadá, etc. A família Bendito/Bailhão tem três ramificações principais: Bendito, com predominância na freguesia de São Pedro de Angra; Machado Alves, na freguesia do Raminho, também na Terceira; e os Santos (os Ratos), na ilha Graciosa.

É importante estudar o percurso das famílias da nossa ilha?
É da maior importância estudar o percurso das famílias da nossa ilha Terceira. Só conhecendo as nossas raízes podemos perceber os ramos que formam essa árvore. Nesta data, já existe uma grande obra – Genealogias da Ilha Terceira – da autoria de António Ornelas e Jorge Forjaz, que nos deixam, em 10 volumes, um trabalho precioso sobre a matéria. Hoje, ninguém que queira fazer qualquer trabalho credível, nessa área, dispensa a sua consulta. No caso da família que tratamos – Bendito/Bailhão – as referências são essencialmente a cruzamentos familiares com outras famílias.

Que outras edições planeia aTuriscon?
A Turiscon Editora foi fundada, em 2007, com a finalidade de editar os meus livros, que são 65, mas acabou por aceitar a edição de outros de diversos autores, num total de 102, e pretende continuar a fazer esse trabalho.Acaba de ser editado o livro “Isalino Santos – Uma Voz na Califórnia” – que vai ser lançado na Casa dos Açores de Hilmar, Califórnia, no dia 3 de maio de 2024, na noite de fados da festa desta Associação.Outras edições se seguirão e outras surgirão.
Nesta data, temos entre mãos “Joe Ponciano – A um minuto da morte”, livro que trata o voo e a biografia do único tripulante terceirense a bordo do voo 236, da AirTransat (Canadá), que aterrou nas Lajes sem combustível, em 2001, considerado um caso único na história da aviação mundial.

Qual é a história terceirense ou açoriana que mais gostaria de contar?
A história açoriana é rica em acontecimentos e por isso é difícil escolher. No entanto, a emigração açoriana e a história da minha freguesia – São Mateus da Calheta – estão entre as minhas preferências relacionadas com genealogia, biografias e cultura popular. Gostava de deixar às gerações vindouras a genealogia e história das famílias de São Mateus, mas não sei se vou ter tempo e condições de a deixar concluída.

Entrevista publicada no Diário Insular a 20 de abril de 2024-José Lourenço, director

Este livro vai ser apresentado no domingo dia 28 de abril na Paróquia de Nossa Senhora da Assunção em Turlock, no Vale de São Joaquim, depois da missa em português. A comunidade está convidada.

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