Burning Summer” vai levar a melhor música alternativa e muita inovação à Praia dos Moinhos–entrevista do jornal Diário dos Açores

Como vai ser este ano o Azores Burning Summer?
Como sempre, estamos empenhados na produção de cada edição para que seja uma experiência inesquecível e cada vez melhor para todos os que participam neste evento: público, artistas, equipa, parceiros e patrocinadores.
O Festival está consolidado em todas as suas vertentes, é fiel ao seu conceito inicial, afirmou a sua identidade, inovou, é bem sucedido e reconhecido tanto na implementação de medidas sustentáveis como na sensibilização ambiental que promove.
Distingue-se pela sua qualidade programática de carácter alternativo, e tem um público fiel e maravilhoso.
Música, Cinema, Debates, Ecodesign, Veículos Elétricos, Land Art e Ações Comunitárias são os ingredientes que fazem deste eco festival a combinação perfeita entre a Natureza e o seu público.
Durante 4 dias, diversos artistas de várias proveniências sobem aos três palcos do festival.
Juntos contribuem para a definição da identidade musical do evento que transpira world music, soul, jazz, dub, funk e outros estilos da música negra.
Na Praia dos Moinhos decorre a programação “Moinhos Revival” que pretende resgatar o espírito de uma época onde a liberdade, a amizade e o culto pela boa música viveram lado a lado.
A programação é de acesso gratuito e estende-se por quatro dias no Palco NOS.
Nos dias 23 e 24 de Agosto teremos os DJ Sets de “Las Mákinas” e “Zelecta” às 20:00h, e cinema ao ar livre com a exibição dos filmes “Entre Ilhas”, de Amaya Sumpsi e “Cesária Évora”, de Ana Sofia Fonseca a partir das 22:00h.
Nos dias 25 e 26 a programação da praia decorrer entre as 16:00h e as 20:00h com os DJ Sets “Nex” e “Piu Piu Tropical” e os concertos / jam sessions de “Duo Atlântico & Isa B” e “Manel The Island Man & Friends”.
Nos dias 25 e 26 de Agosto actuam no Parque dos Moinhos as principais atracções do cartaz.
No intervalo entre os concertos no Palco Principal, o público dirige-se para a tenda montada no cimo do anfiteatro natural para assistir aos DJ sets no Palco Tropical.
A música e a diversão são constantes entre as 20:00 e as 04:00 do dia seguinte.
Teremos como DJ’s “Esses Céus”, “Isilda Sanches, “Mesquita e Laura”, “Milhafre, “Galopim + Quaresma (Antena 1)”, “Novo Major”, “Adrian Sherwood” e “Pedro Tenreiro”.
A Sexta Feira está direcionada para a World Music com as atuações de “Club Makumba”, “Selma Uamusse” e “Arp Frique” que nos vão fazer dançar ao som do Afro Funk.
No Sábado teremos “Filipe Karlsson”, o incrível “The Legendary Tigerman” e a melhor música de dança dos “Mirror People”.
Na última madrugada do festival, o público é convidado a descer até à praia para presenciar a instalação de fogo “Burning Love” e contemplar o nascer do sol.
A recuperação paisagística do Parque dos Moinhos é uma das novidades mais visíveis e importantes de 2023.
Desde 2015, a organização do Festival, com o apoio da Autarquia da Ribeira Grande e Junta de Freguesia do Porto Formoso, promoveu a recuperação faseada do Parque dos Moinhos, de forma a resolver o passivo ambiental resultante de vários anos de acampamentos ilegais.
Hoje o Parque dos Moinhos apresenta um relvado totalmente isento de lixo, que forma um anfiteatro natural.
Esta recuperação possibilitou a melhoria das acessibilidades, segurança, conforto e também a instalação provisória de uma tenda de maiores dimensões (800m2), capaz de abrigar todo o público do festival em caso de mau tempo, de modo a que este possa continuar a desfrutar dos espetáculos programados.

O local mítico da praia do Porto Formoso mantém-se. Haverá inovações?
A Praia dos Moinhos é um lugar especial, com uma paisagem encantadora, que guarda memórias de bons momentos vividos por várias gerações.
 O Azores Burning Summer surgiu com o intuito de celebrar este lugar!
 E que outra forma haveria de o fazer se não com boa música, convívio e um total sentido de preservação do meio natural onde o evento ocorre? É o Festival que se adapta ao local e não o contrário.
Para nós, a inovação centra-se no aprimorar da preservação da zona dos Moinhos e na garantia de uma experiência agradável durante o Festival.

À parte o programa musical, quais as novidades este ano nos programas comunitários e outras iniciativas?
Com o objectivo de reforçar a responsabilidade social do evento e dar um retorno positivo à comunidade do Porto Formoso e não só, o Festival, em parceria com a Junta de Freguesia e paróquia do Porto Formoso lança novas edições dos programas comunitários VIVE e HABITAT, com o apoio da Associação Agrícola de São Miguel e da marca Continente.
O Programa Comunitário de Saúde VIVE tem como principal objectivo incentivar a consciencialização do indivíduo a ser um agente activo e responsável pela sua saúde.
Esta ação, coordenada por Sara Ponte, irá decorrer de 7 a 13 de Agosto e destina-se a toda a população residente da ilha de São Miguel e, de forma especial, à população do Porto Formoso.
 Toda a programação é de acesso gratuito e foi cuidadosamente seleccionada, segundo 3 eixos de ação:
– Promoção da Literacia em Saúde, através da dinamização de workshops na área da nutrição, medicinas complementares e psicologia integral
– Promoção da Atividade Física e Combate à obesidade, através das mudanças do comportamento alimentar e dinamização de actividades promotoras de exercício físico, como aulas de treino funcional
– Promoção da Saúde Mental & Desenvolvimento pessoal, através de actividades experienciais e de autoconhecimento (como o Laboratório Teatral – chamado “Trincar a Terra”), bem como do desenvolvimento das terapias corpo-mente, nomeadamente sessões de ioga, pilates e de meditação em movimento
O Programa Comunitário HABITAT visa fortalecer o sentimento de pertença e o gosto pelo lugar onde se vive, através da valorização e preservação da história, das vivências e tradições, do património cultural e natural.
Numa colaboração entre o “Okeanos” – Instituto de Investigação em Ciências do Mar e o OMA – Observatório do Mar dos Açores, através do projeto “Conhecer para decidir”, financiado pelo Governo dos Açores, o Festival traz à Ribeira Grande o projecto “Detectives marinhos – conhece o peixe que comes”, com actividades e jogos destinados a cerca de 50 crianças e jovens pertencentes à Rede Municipal dos Centros de Actividades de Tempos Livres da Cooperativa Ponte Norte, com sede no concelho da Ribeira Grande.
O programa HABITAT integra uma conversa de sensibilização com os pescadores locais.
Estas iniciativas irão decorrer entre 24 e 25 de Agosto e serão coordenadas por Carla Dâmaso, Inês Martins e Paulo Bulhões.

A consistência do festival é uma vantagem para a recolha de apoios das autarquias e outras entidades?
A consistência é a coluna vertebral de qualquer projeto e o apoio a eventos de qualidade comprovada deve prevalecer.
O sector cultural simplesmente não sobrevive sem o apoio das entidades públicas e a sua importância é inquestionável.
O apoio à Cultura por parte de privados ainda é muito precário e difícil nos Açores, a lei do mecenato é uma miragem apesar das oportunidades que nos reserva Lei de Finanças Regionais nesta matéria, é importante que o Governo dos Açores disponibilize vantagens fiscais para estimular os privados a apoiar a Cultura.
No Azores Burning Summer privilegiamos, acima de tudo, a qualidade da experiência e a sustentabilidade do evento.
Garantimos que 80% do investimento realizado no evento destina-se a empresas e profissionais da Região Autónoma dos Açores, privilegiamos os fornecedores e parceiros locais, estamos intimamente comprometidos com a comunidade do Porto Formoso desde o momento em que decidimos que este evento seria importante na descentralização da oferta cultural.
Todos os apoios recebidos são aplicados na produção do evento que, para além de não gerar receitas suficientes para se tornar financeiramente Autónomo, está sujeito a riscos muito elevados.
Apesar da pertinência do evento justificar o investimento realizado, temos consciência de que o Festival deve ser um aliado na construção e promoção da nossa Região.
Segundo a CISION, o Azores Burning Summer é o evento musical do concelho da Ribeira Grande e um dos eventos açorianos com maior projeção mediática, tendo registado o valor recorde de 19,3 milhões de impressões e um valor equivalente em publicidade (AVE) estimado em 532 mil euros.
 Este é um sinal claro de retorno ao investimento que tem sido promovido pela Autarquia da Ribeira Grande, Governo dos Açores e patrocinadores.

PORTO FORMOSO RIBEIRA GRANDE SÃO MIGUEL AÇORES

Como se irá proceder em termos de organização de viaturas até ao local?
O Festival foi distinguido pela qualidade da hospitalidade e recepção.
Desde a primeira edição temos melhorado no que diz respeito à experiência do público no estacionamento e acessos aos recintos do Festival.
Temos dois parques gratuitos localizados a 1 e 2 quilómetros da zona onde decorre o festival, temos um serviço de shuttle permanente e gratuito que facilita a circulação do público nos dois sentidos.
Deste modo, afastamos o trânsito da Zona dos Moinhos para obtermos a paz que queremos e que a Praia dos Moinhos merece.
 Contactamos directamente todos os moradores, proprietários e eventuais turistas que pernoitam na zona dos Moinhos durante o evento. Facilitamos o acesso e orientamos o estacionamento a todas estas pessoas e ao nosso público com a colaboração da PSP, que faz um excelente trabalho.

Ter recebido vários prémios internacionais e nacionais traz mais responsabilidade à organização?
Em 2022 o Festival foi vencedor nacional no “Iberian Festival Awards” na categoria “melhor contributo para a sustentabilidade” e voltou a ser distinguido internacionalmente em 2023 em seis categorias: melhor festival de média dimensão, melhor programa cultural, melhor recepção e hospitalidade, melhor recinto de espectáculos, melhor contributo para a sustentabilidade e melhor contributo para a igualdade.
O evento foi vencedor regional nos Prémios “Espírito Verde” na categoria “Economia Circular, Verde e Azul”. Em 2022 o Festival obteve a certificação “Evento Mais Sustentável” atribuída pela SGS Portugal. Estabelecemos como metas ambientais: Zero Desperdício, Zero Ruído Visual e Zero Beatas.
Não temos essa postura ambiental para receber prémios, o DNA do festival é simplesmente o da defesa ambiental. Mas é gratificante obtermos reconhecimento pela nossa visão e pelo trabalho desenvolvido pela nossa equipa, e nunca é demais lembrar que o sucesso do Festival também se deve ao comprometimento e postura do nosso público e parceiros.
O Eco Festival Azores Burning Summer não é um festival de massas, mas sim um evento que privilegia um acesso equilibrado e um reduzido impacto ambiental, que valoriza a qualidade da experiência por parte do público e a sua relação com a natureza.

De toda a programação do festival, o que mais destaca como a não perder mesmo?
A nossa visão é a de que o festival deve ser vivido como um todo, do princípio ao fim. É este o convite que fazemos a todos! Visitem o Porto Formoso, deliciem-se nos restaurantes locais “O Amaral”, “Cantinho do Cais”, “Maré Cheia” e “Moinho Terrace Cafe”, contactem a comunidade local, desfrutem da praia e da programação que lá acontece, depois subam até ao Parque dos Moinhos, onde poderão jantar, e onde certamente irão divertir-se muito com a programação que temos para oferecer.

in Diário dos Açores, jornal dirigido por Osvaldo Cabral. jornal@diariodosacores.pt

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